Vítor Hugo Valente foi um dos sete presidentes de clubes da I Liga que participaram na reunião do G15, que teve lugar esta quarta-feira, num hotel em Mortágua (distrito de Viseu), que não contou com a participação de FC Porto, Benfica e Sporting (sempre convidados), além do Nacional.
Além do líder da SAD vitoriana, também António Salvador (SC Braga), Gilberto Coimbra (Tondela), Carlos Pereira (Marítimo), Wei Zhao (Aves), Rui Pedro Soares (Belenenses) e António Silva Campos (Rio Ave), também se fizeram representar.
Da agenda da reunião fizeram parte sete pontos: apostas online, seguros, modelos de governação da Liga, regime de combate à violência nos estádios e claques, criação de um regime de entrega de convites, preço dos bilhetes dos jogos entre clubes do G15 e a colocação de relva sintética FIFA junto às linhas laterais.
O presidente do Vitória considerou “bastante proveitosa” a reunião, que serviu, de acordo com Vítor Hugo Valente, “para aproximar os clubes nas ideias que visam defender os interesses do futebol português.”
Entretanto, Vitor Hugo Valente revelou ao Site do Vitória que o G15 anunciou, através do seu porta-voz, que vai pedir à Direção da Liga “uma reunião urgente com o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, com vista à discussão de três pontos, incluídos na ordem de trabalhos da reunião.”
Recorde-se que na reunião realizada esta quarta-feira em Mortágua, foi discutido o modelo de governação da Liga, num ano de alteração de estatutos, além de dois outros temas importantes, como são os casos das distribuições das receitas das apostas online, que no entender do G15 está a ser mal feito pelo IPDJ em desfavor do futebol profissional, bem como os seguros do futebol profissional.
No final da reunião, Rui Pedro Soares, o presidente da SAD do Belenenses, falou aos jornalistas como porta-voz dos clubes.
“A violência no desporto, é altamente condenável. Mas tem que ser responsabilizado quem pratica esses atos. O que tem acontecido é que os clubes têm sido penalizados e não propriamente o infrator”, começou por dizer.
“Jogos à porta fechada são a negação do futebol. Essa penalização está prevista nos regulamentos e temos de pensar se está correto ou não. Temos que debater e não excluir qualquer hipótese. Se há um ou dois adeptos isoladamente que praticam atos de violência, é fácil serem responsabilizados. Os clubes não podem sofrer com isso, é algo totalmente errado. Os clubes têm sistemas de videovigilância, que são obrigatórios. O nosso único objetivo é acabar com a violência no desporto e nos estádios”, disse Rui Pedro Soares.
Através do seu porta-voz, o G-15 decidiu ainda, nessa mesma reunião, “iniciar conversações com grupos de clubes representativos dos principais campeonatos da Europa”.
“Tal intercâmbio vise que à escala internacional seja criada uma força de representação que permita verter as propostas dos clubes em regulamentação para o sector”, pode-se ler no comunicado emitido pelo G15.
Eis os pontos a discutir com o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto.
Apostas Desportivas. “Realça-se que o G15 não discorda do regime legal em vigor, mas sim da interpretação do IPDJ em relação à receita que reverte a favor dos clubes da Liga Profissional. Entende-se ainda que tal interpretação é ilegal e contrária à intenção do legislador.”
Violência no Desporto. “É urgente que a sociedade em geral e as instituições em particular passem a respeitar e a levar a sério a indústria do futebol e seus agentes (como os clubes). O regime legal em vigor é completamente desajustado, diminuindo os clubes e assumindo que a indústria do futebol é um problema para a segurança pública. Tal realidade tem de ser alterada, devendo legislar-se de forma a combater a violência de forma preventiva e por consequência proteger o futebol, clubes e demais agentes do desporto e engrandecer uma das mais importantes indústrias do país, ao invés de a desvalorizar.”
Seguros. “Os clubes têm custos altamente elevados com os seguros, em parte devido ao regime legal em vigor, que protege interesses de quem visa acima de tudo lucrar com o infortúnio de alguns jogadores. É essencial rever o regime legal em vigor, e contendo uma forma equilibrada de proteger os atletas sem onerar em demasia os clubes. Sobre este tema, previamente à reunião com o Secretário de Estado do Desporto, o G15 pretende reunir com a APS (Associação Portuguesa de Seguros) e em conjunto com esta elaborar proposta de alteração ao regime legal em vigor, a apresentar depois ao Secretário de Estado do Desporto.”