Passam hoje exactamente 47 anos do dia em que, pela primeira vez na história do futebol português, uma equipa da extinta União Soviética (URSS), jogou pela primeira vez em Portugal.
Essa partida foi disputada no Estádio do Bonfim no dia 4 de novembro de 1971 e os protagonistas foram o Vitória Futebol Clube e o Spartak de Moscovo. Cerca de 40 mil pessoas assistiram ao encontro que marcou a primeira visita de um clube da então URSS a Portugal.
Uma partida com vários motivos de curiosidade a começar pelo facto de ter sido esta a primeira vez que uma bandeira da União Soviética foi içada em solo nacional.
Todavia, por imposição do regime do Estado Novo, que procedeu à morte de António Oliveira Salazar e que na altura vigorava no nosso país, foi proibido de ser tocado o hino da União Soviética, tendo este sido substituído pela “Internacional”.
Numa partida dirigida pelo árbitro francês, Robert Wurtz, o Vitória, então orientado por José Maria Pedroto, venceu por 4-0 com golos de Otávio (29’), José Torres (53’ e 56’) e Jacinto João (77’).
O Vitória ficou, definitivamente na história do futebol luso uma vez que, para além de ter sido a primeira equipa a defrontar no nosso país uma formação da URSS, foi também a primeira a pisar solo soviético.
No dia 20 de outubro de 1971, a imprensa portuguesa dava à estampa com certa dose de sensacionalismo ao acontecimento: “A primeira equipa de futebol portuguesa a pisar um relvado soviético!” Era o Vitória de Setúbal.
Os moscovitas eram treinados por Nikita Simonian, um antigo internacional de renome. O jornalista Mário Zambujal, que esteve no Estádio Lenine, onde se realizou o jogo da primeira mão que terminou empatado a zero, registou o seguinte depoimento: “Os adeptos do Spartak escutaram de pé o nosso hino. E alguns confraternizaram, nas bancadas, com as dezenas de portugueses que foram, nesta volta da bola, acompanhar a equipa. Trocaram-se cigarros, emblemas e abraços. Só faltou trocar cartões de visita.”
O Vitória de Setúbal fora à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas! Merecia ponto de exclamação. Depois, em casa, Lagardère (como Pedroto chamava a José Torres) saltou mais alto que a torre do Kremlin.
Pelo Vitória alinharam: Joaquim Torres, Rebelo, José Mendes, Carlos Cardosos, Carriço; Matine, José Maria, Otávio, Praia, Guerreiro, Jacinto João, Arcanjo e José Torres.
Pelo Spartak Moscovo alinharam: Kavazashvili, Petrov, Abramov, Lovchev, Logofet, Kalinov, Papaev, Niselev, Khusainov, Silajadze, Mirzoev, Egorovich, Piskaryov e Osyanin.