Oceana Zarco, nascida a 12 de Abril de 1911, foi atleta da equipa de ciclismo do (seu) Vitória Futebol Clube, no qual entrou com 10 anos. Com apenas 14 anos, em 1925, iniciou o seu percurso profissional com o valioso contributo do treinador de futebol do Vitória, o checo Arthur John, que a preparou fisicamente ao mais alto nível, tornando-se a primeira mulher ciclista federada em Portugal. Nesse mesmo ano, em 15 de novembro, participou na sua primeira prova desportiva como profissional – a II Volta a Lisboa. Em 1926, classificou-se em 1º lugar na III Volta a Lisboa e, em 20 de setembro do mesmo ano, recebeu a medalha de ouro na I Volta ao Porto. A sua carreira no ciclismo culminaria com o 1º lugar, alcançado na I Volta a Setúbal em bicicleta, realizada em 1929.
Nos anos 20 tornou-se uma estrela, um símbolo e uma inspiração na sociedade portuguesa, tendo inclusive sido capa da mais importante revista portuguesa de desporto da época, a “Eco dos Sports”.
Uma vez terminado o seu ciclo desportivo, Oceana haveria de se dedicar à enfermagem, que abraçou com um grau de entusiasmo em tudo idêntico ao ciclismo.
Foi homenageada inúmeras vezes por diversas instituições, de entre as quais se destacam o Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal, a Câmara Municipal de Setúbal, a Associação de Ciclismo do Distrito de Setúbal, a Federação Portuguesa de Ciclismo, bem como o Vitória Futebol Clube.
Mais do que lutar contra tudo e contra todos, Oceana Zarco lutou a favor dos seus sonhos e direitos, abrindo um novo caminho, com a sua bicicleta e a sua determinação, a muitas outras mulheres, a nível desportivo e não só, numa sociedade dominada por homens e em que às mulheres (quase) tudo era interdito, o que serviu de inspiração à luta pela igualdade de género.
Numa história de vida repleta de simbolismos, a bicicleta foi um símbolo de emancipação para Oceana Zarco, devido à liberdade de movimentos que esta lhe permitia, o que se depreende numa das suas frases mais emblemáticas: “A bicicleta para mim era tudo.”